quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Morte do Bicho Bom

Vai morrer.
Não por vontade própria, não por debilidade.
Vai quinar porque assim tem de ser. (mesmo nada tendo de ser nada...)

É uma questão de legitimidade. A mesma que me fode há anos.
A minha mais fiel companheira...
Começo a reparar de que juntos por vezes, mais do que marcar ... assustamos!
... E claro está, a quem menos convém, e no pior momento.

O Bicharoco vai morrer!

Não é preciso funeral! Mutar-se-à!

Dignificará o meu ser com o seu desaparecimento.
- E esta dignidade será para minha auto-contemplação.

Há Bichos e Bichos.
Este até era engraçado.
Não chateava muito, só de vez em quando aparecia e mesmo assim o cabrão era subtíl.

- Falando por mim, só dava por ele quando já me roía as canelas...

Ouvi meia dúzia de pessoas que diziam o ter visto - algumas juravam que ele estava ali, naquele momento, no meio de nós. Mas não, eh eh eh. O filho da puta era mesmo matreiro.

Não estava só, tinha família - dois ou três irmãos.
Muito unidos, choram a sua morte. Mas entendem, sabem que ele era ousado. Uma ousadia sã e pura é certo, mas que ao mesmo tempo fragilizava o grupo - o colectivo!


Perguntou pela permissão para viver e morrer.
Ambas lhe foram dadas e negadas.

Uma coisa é certa.
Com o seu jeitinho de ser guiou os seus irmãos para novos caminhos, tornaram-se uns bichos melhores, mais saudáveis e cheios de vida. Quase imortais.

E a mim fazem falta Bichos assim.


Bicho Bom que nasceu de algo
Inesperado, natural.
Lavou-se na tormenta nocturna.
Viajou, ficou, conheceu, adoeceu,
Curou-se no nevoeiro.
Ficou bom e depois... morreu.

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