segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Uma possivél morte minha

Suspira uma andorinha por novos dias, melhores. A calçada perdeu mais uma pedra, o buraco está maior
- podem tropeçar mas não podem cair.

Aqui tudo é mais bruto, mais rápido... mais natural. Somente os bravos enfrentam estas tormentas e delas saem incólumes.

O barco mete água... eu também...

Tento, em vão, desesperadamente debaixo de água respirar!!!!!
Os peixes não me ajudam, sabem que gosto de os pescar.

Estou fodido, uma insensata sensação domina a minha mente...
Mais vale afogar aqui a vida, prefiro isso a viver doente.

Estou a alucinar por certo, é de fumar aquelas ervas...
Uso a minha eloquência e o polvos libertam as minhas pernas

Logo a seguir - puta de sorte a minha - deparo-me com uma força desumana:
A três metros da superfície, uma barreira de carapaus em formação de ataque romana.

Não posso mais tenho de respirar... isto cheira mal, fede.
O que é isto? Uma corda? Não... FODA-SE é uma rede!!!

Agora sim já quinei... é mais que certo seguro e sabido...
Que se foda tudo o resto, afinal também eu estou fodido.

Sou içado para o barco, cadáver junto com os carapaus,
Esse filhos da puta ainda se mexem, deviam ser mesmo maus.

Confundem-me com um peixe-porco super abonado.
Levam-me para a lota, esquartejam-me, sou estripado.

Más será que ninguém vê? Ninguém repara? NÃO SOU UM PEIXE!
Caralho!!! Nem escamas tenho!... e a merda do carapau ainda se mexe...

Sou de imediato vendido e vendido a um bom preço.
A diversos compradores... (voz fantasmagórica)
Também depois de tudo que passei ao menos isso mereço.
Canibais demolidores.... (voz fantasmagórica... outra vez)

Como fui comido não vos posso contar, não.
Como estava em diversas partes perdi a percepção.
Ironia caótica da realização do deleite da mente humana
Ser quase omnipresente, e não poder entender nada.

Não acordo de um sonho, pois não adormeci.
Estava acordado quando caí do barco, é verdade eu morri.

Afinal esta é uma história macabra, um pouco dramática,
Tal como a vida real, sem retorno, única e pragmática.

Para a próxima vez que eu morrer assim, já sei o que fazer:
Caio do barco, polvos, rede, tá tudo... mas aqui eu vou os foder!!!

Crio uma ligação metafisica, entro em trance e sobrevivo.
Basicamente uno-me a um ser, atingirmos o cosmos é o objectivo.

Para tal farei amor com uma peixa... se calhar com uma pescada.
É macia, sensual, e eu sou livre! Vou tendo amantes, nenhuma namorada.

Claro está que vivo, ninguém na lota me esquartejará
Do barco seguirei para casa, onde a pescada me aguardará.


Por novas mortes anseia quem está vivo. Vencer mortes, ganhar a vida. Unir os passos - terminar a corrida.
Escalar a montanha, ou a ela subir, para mim é igual. Desde que do topo a vista não seja banal.

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