domingo, 17 de julho de 2011

Histórias de uma Coisa Verde

Não quero vacilar, mas o rock acabou, e não sei onde me vou agarrar.
Montanha russa assustadora, eterna diversão avassaladora, matriz do bem estar.
Toca a puta do alarme de um carro algures na rua.
Ecoa na minha mente e despoleta a duvida pura e crua.
Andarão meus pés pisando as pedras do meu trilho sagrado?
Levar-me-ão minhas pernas de encontro ao eterno cuidado?
Sacio a minha sede com água fresca feita de luz e cores.
Curo com ela as minhas feridas, anestesio as minhas dores.
Porém começo a padecer de uma subnutrição de viver,
Intensamente e de verdade,
Pois é assim que tem de ser
Dita a genuinidade.

Sou ácido pois corroo as mesquinhas manias humanas.
Dissolvo-me com os outros de diversas formas mundanas.
Depois há que lidar com consequências estranhas.
E com todo o tipo de monstros, armas e manhas.
Como defesa costumava usar uma semi-alienaçao,
Que iludia os inimigos mais perigosos e astutos.
No entanto ando mais focado nos valores absolutos.
Como resultado surge a tão temida vulnerabilidade,
Que eu, Coisa Verde, mais temo quando lido com a verdade.
Num estado opaco crio um escudo confuso e difícil de penetrar.
Mas tem modo translucido sou uma lagartixa facil de trespassar.
Fodo-me em cada pedra que tropeço
E frágil rogo ao Universo
Ter se calhar mais do que aquilo que mereço
Coisas sem valor material, coisas sem preço.

...

Retornando a um estado terreno reparo com indignação.
Que as palavras que escrevo são fruto da falta de atenção.
Insultuosa descrição certeira do meu estado de espirito,
Pois a minha mente é forte, falo alto e por vezes grito.
Digo coisas fortes e claras. Digo aquilo que sinto.
Em directo e em tempo real, iludido pelo instinto.

Distraio-me de mim ao apreciar com um carinho muito especial,
A celebração do estar quase a nascer mais um ser transcendental.
Fruto do amor descoberto, mantido e desejado
De dois seres cósmicos de quem sou aliado.

...

Estou agora num túnel onde nunca fui... "aqui nunca entrei".
Tenho um aspecto diferente da minha aparência normal.
Pergunto-me como vim aqui ter, e constato que nao sei.
Não me lembro do antes de aqui estar, é um sitio especial.
Na volta navego na crista de uma onda cósmica
Que no sitio onde eu estava passou para me levar
Ao mundo saboroso da maravilhosa ilógica
Que tem o mais belo mar onde é mágico navegar.
No barco do pau pela primeira vez percorremos,
Juntos um pequeno mundo aquático e desconhecido
Como Coisas Verdes que somos, nada estabelecemos
Quiça entrei a bordo sem ser desejado, iludido.

Maravilhosa porém a sensação
De sentir tal emoçao
Fiquei assanhado, com tesão
Depois ouve rock, confusão.

Tive uma congestão criativa, nao vomitei nem caguei o que comi.
Caos no modo reactivo ao som, nao viajei e nada de jeito vi
Que por mim tivesse sido criado. Estraguei telas, tintas e pincéis
Foi fodinha mal dada, um placebo ineficaz para matar as coisas cruéis.

...

A vidas vivem-se e são partilhadas
E quem está vivo e a viver
Tem de estar disposto a sofrer
Pelas coisas mais sagradas.
Respeitar o amanhecer privando-o do meu pestilento acordar,
É algo que faço com uma certa constância
Claro que facilito e uso a ignorância
Para me deixar ir indo sem deixar-vos me chatear.
Porém por vezes atinjo o nível máximo de água na barragem
Abro as comportas da fonte de energia, do berço de coragem.
E combato sem receio todos os males e medos que me atormentam
Iludindo tudo e todos ao meu redor, pois o o que sou não é o que eles pensam.

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